Memorial

Entendemos que o desafio proposto pelo Programa de Urbanização e Regularização de Assentamentos vai além da simples urbanização das favelas e representa o oportuno desafio de repensar o sistema urbano envolvido. O plano propõe além da transformação e integração dos assentamentos à cidade, a reordenação do Perímetro, a partir da exploração do grande potencial de transformação da área. Esta reordenação é estruturada a partir da criação de um novo vetor que interliga três grandes equipamentos de transporte público: o terminal de ônibus Guarapiranga, a estação largo treze da CPTM e a estação santo amaro do Metrô.

A um só tempo Parque Linear e rede de infraestrutura, este vetor permite um Investimento concentrado com o intuito de garantir, de forma democrática, o acesso aos serviços públicos, tais como os sistemas de infraestrutura urbana, os equipamentos comunitários e os meios de circulação. Neste perímetro identificamos três modelos principais de ocupação do território: a) ocupação das cotas altas: cidade formal, predominantemente residencial. b) ocupação das encostas: assentamentos informais, predominantemente sobre áreas de risco geotécnico. c) cotas baixas: grandes lotes vazios ou ocupados por galpões industriais e a crescente presença de serviços.

A partir da identificação das áreas de risco geotécnico que incidem sobre as favelas foi elaborado o Plano de Remoção e conseqüente relocação (aprox. 37% dos domicílios), reassentamento (aprox. 37% dos domicílios) e readequação (aprox. 26 % dos domicílios). A implementação de áreas verdes nestas áreas de remoção conformam um sistema de preservação e contenção natural das altas declividades. Esses Parques de Encosta complementam a rede de parques públicos propostos para a área.

Por fim, uma rede de passeios e equipamentos públicos realizará a transição entre as duas cotas urbanas do perímetro hoje desconectadas. Localizadas estrategicamente no território, essas Praças de Eventos fazem a conexão transversal da proposta, oferecendo acesso aos equipamentos públicos de educação, esporte e lazer. Nas áreas de cotas baixas o Plano propõe um novo viário e um novo parcelamento, definindo duas faixas de uso: a primeira destinada ao reassentamento de 50% das unidades removidas (37% do total de domicílios) reservando ainda grande estoque de área para novos assentamentos ou empreendimentos privados. A segunda faixa destina-se à comercialização de grandes lotes para uso terciário, de acordo com a tendência que se observa na região. A exploração do potencial econômico desta faixa pode contribuir significativamente para a viabilidade financeira do empreendimento global.

Ficha Técnica

Projeto

Concurso Nacional Renova SP – Ponte Baixa

Local

São Paulo – SP

Ano de concurso

2011

Equipe

Andrade Morettin Arquitetos

Beatriz Moretti,  Fabio Ucella, Flora Fujii e Lauro Rocha