34ª Bienal de Arte de São Paulo

São Paulo - SP, 2019 - 2021

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Térreo

Primeiro Pavimento

Segundo Pavimento

Terceiro Pavimento

Isométrica Escamas

Memorial

CORRESPONDÊNCIA #19

http://www.bienal.org.br/post/9003

 

O convite para escrever, neste espaço das correspondências, sobre o projeto de arquitetura para a 34ª Bienal de São Paulo nos levou a refletir sobre o processo de trabalho em torno dele e retomar a leitura que fizemos da proposta curatorial para o evento: uma proposta que pretende discutir a relação entre as coisas, muito mais do que as coisas em si. Uma discussão que está centrada na possibilidade do diálogo – ou da mediação, como modo de se relacionar com o mundo.

Este conceito de mediação ganha um significado ainda maior quando consideramos uma das principais questões envolvidas em uma exposição dentro da Bienal, que é o enfrentamento da escala do edifício, com suas dimensões monumentais – lembrando que o pavilhão, construído por ocasião das comemorações do IV centenário da cidade de São Paulo, em 1954, tinha como propósito abrigar o Palácio das Indústrias. Com dimensão urbana, o pavilhão de 250 x 50m é composto por uma sucessão de planos horizontais extensos, conformados por uma malha regular de pilares, articulados entre si por rampas e integrados ao parque pelo térreo de pé-direito triplo. Soma-se a essas características um fato inédito e celebrado, a desobstrução do terceiro pavimento, que antes era ocupada pelo acervo do MAC USP e que agora apresenta uma vista completa de sua planta livre, com destaque para o auditório ali presente.

Partindo dessas considerações iniciais, identificamos quais relações nos interessavam estabelecer entre as obras, o pavilhão e o parque, tendo os visitantes como fio condutor. Mais precisamente, tínhamos o objetivo de criar, através da arquitetura, condições para que tais relações ocorressem de maneira equilibrada e modulada. Foi de onde surgiu a ideia de se criar uma escala intermediária, que cumprisse esse papel.

Para materializar este conceito em projeto – e considerando uma analogia com a própria leitura urbana que o pavilhão sugere, em que seus pavimentos são como as quadras de uma cidade – imaginamos edifícios ou galerias distribuídas por seus planos, capazes de conformar diferentes níveis de contenção, permeabilidade visual e controle de luz. As galerias delimitam uma sequência de espaços internos expográficos, alternados em forma e materialidade, que possibilitam a livre utilização de seus interiores para a disposição das obras, de acordo com as necessidades indicadas por cada artista. O projeto de expografia, minucioso e preciso, foi desenvolvido pelo Metrópole Arquitetos Associados.

Em contraponto ao vidro da fachada e sua franca transparência na relação com o parque, imaginamos as galerias construídas com elementos pré-fabricados leves, tendo como suporte básico montantes de madeira laminada e fechamentos com painéis de materialidade variada. Além de constituir um repertório construtivo diverso daquele utilizado no pavilhão, a opção por um sistema baseado em componentes industrializados garante agilidade na montagem e amplia as possibilidades de reaproveitamento dos materiais após a desmontagem da exposição.

Para compor as peles de fechamento, escolhemos um tecido de juta que permite a passagem do ar e da luz e que se comporta como um filtro delicado de matéria orgânica; chapas de policarbonato alveolar, que conformam um espaço de luz difusa, borrando as perspectivas e continuidades visuais; e chapas de compensado, possibilitando ambientes mais introspectivos e controlados.

Por fim, como resgate do térreo livre originalmente proposto por Oscar Niemeyer, o acesso à exposição se concentra na sua face noroeste, junto à marquise. Com sua projeção monumental e amplo pé-direito, como se fosse uma extensão da própria marquise, a entrada reforça o carácter urbano da edificação e irá abrigar o acolhimento ao público, guarda-volumes, livraria e espaço educativo, buscando uma integração maior entre o parque e a exposição.

Ficha Técnica

Projeto

34ª Bienal de Arte de São Paulo

Local

São Paulo – SP

Ano de Projeto

2019

Ano de Conclusão

2021

Autores

Andrade Morettin Arquitetos Associados

Vinicius Andrade, Marcelo Morettin, Marcelo Maia Rosa, Renata Andrulis

Coordenador

Raphael Souza

Equipe

Fernanda Mangini, Murilo Zidan, Daniel Zahoul, Guilherme Torres, Izabel Sigaud

Estagiários

Julia Daher, Simone Shimada, Danielle Gregorio, Ingrid Colares, Victoria de Almeida Leite, Arthur L. Falleiros, Arthur Klain, André Enrico, Ana Paula Silveira, Amanda Cunha, Maria Carolina Bomeny

Projeto de arquitetura e expografia em parceria com Metrópole Arquitetos

Fotos

Pedro Kok

Vídeo

https://vimeo.com/638656374